31.1.07

Miriam Leitão vai ajudar a reduzir o déficit

Miriam Leitão,

Como você é uma das pessoas mais preocupadas com a situação da
previdência no país, uma causa nobre da sua parte, gostaria de sugerir você como madrinha de um movimento para acabar com a artimanha de forçar jornalistas, advogados, etc... a formarem sociedades para receber os salários como pessoa jurídica e assim burlar as contribuções trabalhistas, como INSS, por parte da empresa.

Sei e você também sabe que isso ajuda a aumentar o que você chama de rombo da previdência.

Então, topa levantar essa bandeira ? Assim não fica só nas costas dos trabalhadores de carteira assinada, como você quer (que contribuam por mais tempo), ou dos que ganham um salário mínimo.

Ou então porque não ajuda a pressionar os devedores, que devem mais de R$ 80 bilhões, uns 3 anos de "deficit" pela contabilidade correta.

Dá um pulinho aí no financeiro da Globo. Em uma rápida consulta na lista de devedores no site da Previdência encontrei algumas pendências que você podia ajudar a resolver:

INFOGLOBO COMUNICACOES S.A . R$ 16.428.895,08
RADIO GLOBO S/A - R$ 5.814.516,38
GLOBO.REDE PARTICIPAOES S/A - R$ 213.754,42

Assim alivia um pouco para a gente né ?

Não é justo ? Vamos lá então !

O Rio precisa se reinventar

Tem uma entrevista interessante no site do Jornalista Paulo Henrique Amorim, com o economista André Urani (clique aqui para ler a íntegra).

Fala da crise das regiões metropolitanas no Brasil, com destaque para o Rio de Janeiro e São Paulo.

Como sou carioca vou falar do Rio.

O Rio, depois que deixou de ser capital, ainda não redescobriu a sua vocação, não se reinventou. Tivemos uma sobrevida com ajuda da indústria de transformação dentro do modelo economico fechado do regime militar, mas a coisa desandou com as crises e a abertura econômica na década e 90.


Desde então nosso estado, e principalmente a cidade do Rio, vem definhando.


Discutimos incansavelmente e atacamos as consequências, violência, favelização ... Mas não discutimos a causa, o cerne da questão: a estagnação economica, principalmente da capital.


Precisamos redescobrir nosso caminho ! Turismo, audiovisual, esportes, informática, semicondutores, softwares, temos vários caminhos que combinam com as nossas vocações.


Falta alguém, um movimento da sociedade, artistas, intelectuais, que consiga resgatar a auto-estima e estimular o imaginário carioca para uma virada, uma volta por cima.


Como diz a entrevista:


Paulo Henrique Amorim – Então, para resumir, o que eu posso dizer é que a participação de São Paulo e do Rio no PIB é decrescente e que será preciso se reinventar?

André Urani – Sim. E isso não virá de presente de cima, de Brasília. Dependerá da capacidade de todos nós que vivemos nestas cidades e que continuamos querendo viver ali de arregaçar as mangas, de pensar o que queremos fazer ali, porque aquilo que fomos fazer ali não é mais reeditável. As pessoas que foram para lá nos anos 60, 70, até 80 em busca de um futuro na indústria não vão mais encontrar futuro na indústria. Tem que se reinventar e isso passa por um esforço de anos e anos, não tem passe de mágica.


Vamos torcer para que este momento esteja chegando.

30.1.07

Os pingos nos is

Parece que o post de anteontem foi pé quente.

O jornal o Globo de hoje anuncia, com muita má vontade e desgosto, que o governo decidiu tirar as renúncias fiscais do cálculo do déficit da previdência e colocá-las na conta do Tesouro, onde é o local correto.

Uma grande derrota para o pensamento único.

Vale destacar a manchete completamente tresloucada do jornal que mostra como eles não engoliram nada bem a história.

O subtítulo chega a ser mentiroso, o tesouro já arcaria com este dinheiro de qualquer maneira. O que está sendo feito é contabilizar as coisas da maneira correta, e não mais com os truques que eram feitos para inchar o déficit e promover a redução de direitos, na base do terrorismo.

A idéia é simples: colocamos o trabalhador e o aposentado como vilões, assim eles vão ter que contribuir mais e por mais tempo para cobrir nossa sonegação, benefícios fiscais e arapucas contábeis que fazemos para pagar menos impostos.

Pergunte para a Globo o que ela acha de empresas que obrigam os seus funcionários a constituírem sociedades para receberem como pessoas jurídicas e com isso isentar a empresa de obrigações trabalhistas. Isso não contribui para o déficit ? A Globo faz isso ?

Quem deveria arcar com as isenções fiscais ?

Luis Nassif (ele de novo !) responde no seu Blog:

"A resposta é óbvia, mas vem sendo sistematicamente mascarada por uma espécie de fogo de encontro, que vive encontrando álibis, desculpas e bodes expiatórios para desviar a discussão do foco central. A culpa é do velho do meio rural que se aposentou sem contribuir.

Tem limites para a hipocrisia.

O foco central é óbvio. A partir do Plano Real, foi implantada uma política sistemática de colocar o grande capital a salvo da tributação. Esse processo se deu com o Banco Central fechando os olhos aos grandes movimentos de expatriação de capitais."

A resposta está então em, além do fórum da Previdência, discutirmos os subsídios, as armações fiscais dos milionários, a tributação regressiva e injusta brasileira.

Enfim, uma agenda extensa e acredito que impossível de ser levada adiante, pois o congresso é conservador e a mídia criou uma barreira enorme a qualquer reforma tributária mais justa, que onere os mais ricos e setores que pagam injustamente menos impostos.

Um exemplo disso foi o caso da MP232. A imprensa colocou toda população contra a medida, em uma campanha de desinformação, chamando histericamente de aumento da carga tributária uma tentativa de se tentar equalizar melhor a cobrança e evitar fraudes como as citadas acima.

Como sempre a conta caiu para a classe média que trabalha de carteira assinada, faz tudo certinho, dentro da lei e por não ter tido acesso a informação correta acabou indo contra os seus próprios interesses. Foi manipulada.

O mesmo aconteceu com a proposta do governo, no início do primeiro mandato do Lula, de taxar grandes fortunas, tornar o Imposto territorial rural e o ITBI progressivos e criar o IPVA sobre embarcações e aeronaves particulares.

Não passou, afinal de contas o congresso tem dono, a mídia tem dono. E infelizmente não é o povo.

Felizmente isto está começando a mudar.

28.1.07

Pangea é um bom modelo ?

O déficit da previdência é a "Geni" dos analistas de plantão dos "jornalões". Talvez por falta de preparo ou mal intencionados mesmo insistem,sempre que tem oportunidade, em bater nesta tecla como se fosse o maior problema que o país enfrenta, e insolúvel da maneira que está.

É bem verdade que o custo de se manter um sistema previdenciário público é alto, e no Brasil isto não foge a regra. Mas um sistema de seguridade social para a população idosa é o mínimo que um país civilizado tem que ter.

Ou então fazemos como na série "Família Dinossauro" onde os velhinhos eram jogados de um penhasco ao completarem determinada idade. Era assim em Pangea, aonde viviam no seriado, que na verdade é o nome do supercontinente que formava a superfície terrestre há 250 milhões de anos.

Salvo as distorções e privilégios que muitos insistem em chamar de benefícios adquiridos, principalmente no funcionalismo público, todo cidadão deve ter direito ao mínimo necessário para sua sobrevivência ao completar determinada idade, mesmo os que não contribuíram por não ter condições (excluindo os sonegadores).

A previdência já foi equilibrada recentemente, durante o governo Sarney. Mas, com a constituição de 1988 e a criação da aposentadoria rural começou a apresentar déficits.

Fora a sonegação, que comeu solta no governo FHC (a dívida chegou a mais de 180 bilhões), isso eles não falam ! Daria para cobrir alguns anos de déficit.

Também tem os funcionários públicos que não contribuíram o suficiente e se aposentaram com salário integral. E o dinheiro que foi desviado de sua finalidade para obras públicas como Brasília, a ponte Rio-Niterói, etc.

Bom, mas isso é passado ...

Atualmente o maior problema é realmente a aposentadoria rural, quanto a isso vejam esta entrevista do ministro Guido Mantega, retirada do Blog do Nassif:

"Veja trecho da entrevista concedida a Fernando Dantas, do "Estadão" por Mantega (clique aqui) em Davos.

O sr. concorda com as declarações do presidente Lula de que o déficit da Previdência deve-se, na realidade, à política social?
Não tenho a menor dúvida de que ele está certo. A Constituição de 1988 colocou na rubrica Previdência o que era na verdade assistência social. Pessoas que nunca tinham contribuído para a Previdência passaram a ganhar uma aposentadoria. Não é aposentadoria, é uma renda, é renda mínima...

Mas não é alto demais para renda mínima?
A aposentadoria rural é a mínima, é o menor possível, é um salário mínimo. Como que é alta?

A política social vinculada ao salário mínimo representa gastos superiores a R$ 100 bilhões por ano. A melhor forma de fazer política social é via Previdência?
E você acha que a melhor forma de fazer política social é deixar 7 milhões de agricultores pobres morrerem de fome? Isto foi decisão do Congresso Constituinte de 1988 e não está em discussão.

Curto e grosso, não poderia ter sido mais claro !

Outras fontes de déficit: a sonegação que já deveria estar sendo combatida pela Super-Receita (junção da fiscalização da receita federal com o INSS) se não fossem as obstruções do PSDB e do PFL ( a serviço de quem?) e as fraudes que sofreram um duro golpe com o senso realizado com todos beneficiários por este governo, que resultou no cancelamento de mais de 140 mil benefícios "fantasmas". Isso tem pouca atenção da mídia.

Pior que pouca atenção é a manipulação. Ao contabilizar o déficit, a mídia ignora as isenções fiscais e o desvio de finalidade do dinheiro arrecadado pela CPMF que é destinado a cobrir estas contribuições.

Luis Nassif mostra no seu blog:

"Mesmo dentro do setor urbano, existe um conjunto de renúncias fiscais que podem ser meritórias, mas nada tem a ver com a política previdenciária.

Por exemplo a renúncia fiscal do Simples é equivalente a R$ 5 bilhões. Os funcionários das empresas beneficiadas contribuirão com a parcela deles; o empregador fica isento dos 20%.

Mas, na hora da aposentadoria, os funcionários terão os mesmos direitos daqueles em que a contribuição foi integral.Não significa que se deva abolir a renúncia fiscal do Simples. Mas que se tem que contabilizar adequadamente o valor, que é renúncia fiscal da União, não da Previdência.

O mesmo ocorre com isenções às entidades filantrópicas, ou o Prouni (o programa de bolsa às universidades privadas) que pela primeira vez organizou uma obrigação que não era fiscalizada. O custo da renúncia é de R$ 2 bi. É meritório, mas é política de educação, não da Previdência.

A mudança de cálculo contábil não afetará em nada as contas públicas. Sempre que a Previdência registra um déficit, o Tesouro é obrigado a cobrir e o valor entra na rubrica “encargos financeiros da União”. Politicamente, muda tudo.

Na conta ajustada, fica assim:1. Pelas contas dos cabeções, o déficit da Previdência urbana é de R$ 13,5 bi (dados de 2006). Se incluir CPMF (pouca coisa) e descontar as renúncias fiscais, cai para R$ 3,8 bi.

2. Os cabeções estimam em R$ 28,6 bi o déficit da Previdência rural. Descontando as renúncias fiscais e incluindo a CPMF, cai para R$ 18,5 bi. E leve-se em conta que trata-se de política social, não de política Previdenciária, já que não houve a contrapartida das contribuições."

Enfim, como eu disse é muito dinheiro, mas temos que tratar o tema com seriedade e não com o simplismo e a demagogia do "rombo da previdência" que os bonecos de ventríloco vivem repetindo.

Aumentar o tempo de contribuição, reduzir benefícios, regular o fundo complementar dos funcionários públicos. Vamos falar sério ? O fórum nacional para discutir a previdência vem aí, é hora de discutirmos que tipo de país queremos.

Será que Pangea é o modelo ?

26.1.07

Apesar do BC ...

0,25 % ??



Assim emPACa !!
A decisão do Banco Central de reduzir o ritmo de queda dos juros, poucos dias após o lançamento do PAC - Pacote de Aceleração do Crescimento - é no mínimo contraditória e difícil de entender.
O indice de inflação está abaixo da meta central. O preço do petróleo está em queda, não há nada que indique algum risco de crise mundial. A capacidade instalada da indústria brasileira está sub-utilizada e, até onde eu sei, apesar do crescimento não existe nenhum sinal de superaquecimento no consumo por aqui.
Sendo assim, alguns interpretam o movimento como uma demonstração de força do Banco Central, outros de independência. Ainda outros acham que estava na hora do ritmo diminuir para estender o tempo de queda.
Enfim, quando a ata do Copom, que explica a decisão, vier vamos saber o que se passa na cabeça dos deuses no Olimpo.
A queda dos juros tem efeitos importantes:
1) Migra os investimentos em títulos do governo, seguros para os investidores mas que não geram 1 emprego, para o investimento em renda variável (capitalizando as empresas), expansão dos negócios, fundos de infra-estrutura, crédito (no caso dos bancos), etc
É uma conta simples: enquanto os empresários e investidores estiverem ganhando com os títulos, que tem praticamente risco zero, MAIS do que com a expansão dos negócios não vale a pena investir. Para que arriscar ?
2) A queda dos juros também libera recursos do governo para investir em infra-estrutura ou reduzir a carga tributária. Você sabia que quase 1/3 do que você paga de impostos vai para o pagamento de juros desta dívida que o Henrique Meirelles insiste em remunerar tão maravilhosamente bem ?
3) Tem também um é o efeito "psicológico" que "freia" a economia, subindo quando a demanda está muito aquecida, e a capacidade instalada das indústrias não é suficiente. Quando está em queda sinaliza que é hora de investir.
Só que o empresário não vai investir na velocidade que o Brasil precisa, e optou com mais de 60% dos votos, se o BC continuar com o freio de mão puxado. Não há PAC que dê jeito.
O que explica isso ? A decisão está na mão do presidente do BC e mais 8 diretores. O perfil da maioria dos diretores é conservador, formados fora do País com passagens por instituições financeiras e organismos multilaterais como o FMI e o Banco Mundial. Veja o perfil deles no site do jornalista Paulo Henrique Amorim clique aqui.
Ou seja, são a última trincheira, em um lugar estratégico, do pensamento econômico que dominou o país durante a década de 90 e início dos anos 2000.
Só que agora o país quer mudar, quer deixar esse período para trás. Mas essa é uma questão bombástica pois mexer nesse ninho de marimbondos é mexer com o núcleo central de interesses poderosíssimos dentro e fora do país.
Seria uma ruptura radical, e o Lula não é chegado a rupturas.
Se ele está certo ? Até agora eu acho que sim, daqui para frente só o futuro dirá.
Mas acredito que o país vai continuar evoluindo.
Apesar do BC, amanhã há de ser outro dia ...

24.1.07

Ali Kamel no país das maravilhas

O diretor de jornalismo da Globo, Ali Kamel, vive no mundo da fantasia mesmo.

Em um artigo (ou seria uma fábula?) no jornal o Globo de ontem chamado "O jornalismo" Kamel descreve o seu mundo dos sonhos.

O artigo começa defendendo que o posicionamento da imprensa, de esquerda ou de direita no Brasil (imprensa de esquerda?) se restringe aos editoriais, "jamais contaminando o noticiário".

Nos ensina o porta voz da inocência do jornalismo brasileiro:

"Opinião própria somente nos editoriais e sem repercussão nos noticiários"

Bom, o que ele tem a dizer sobre isso, só para colocar um exemplo:

Esta é uma página da seção "O País" do jornal O Globo.

O leitor desavisado acha que o deputado João Paulo Cunha, ex-presidente da câmara*, do PT, cercado de microfones, disse que também iria soltar o traficante de drogas Beira-Mar. Certo ?

Será que existiu alguma intenção de dizer que MST, Petista e traficante é tudo a mesma coisa ? Isso é uma posição ideológica no noticiário ?

Devo estar viajando ...

Quem lê a matéria vê que a declaração, em tom de deboche, é de um líder da UDR - União Democrática Ruralista, estes sim devem pensar que MST, Petista e traficante é tudo a mesma coisa.


Não quero entrar no mérito de valores nem entrar em uma longa discussão sobre MST, PT, UDR e companhia.

Mas que a posição ideológica do jornal ficou clara no noticiário ficou. Se o entrevistado da UDR fosse editor não teria feito melhor.

Mais a frente o jornalista discursa com o seu ufanismo corporativo:

"Diante de uma miríade de acontecimentos, os jornalistas são treinados para discernir que fatos tem relevância e narrá-los e analisá-los de maneira lógica e isenta."

Outro exemplo por favor...



O presidente Lula iniciava uma viagem histórica pelo Oriente Médio, que não acontecia desde Dom Pedro Segundo.

O jornalistas do Globo, muito bem treinados para "discernir que fatos tem relevância" foram no cerne da questão: a diretora da Funarte tinha ficado irritada com a escolha da escola de samba Gaviões da Fiel ao invés da Portela.

Isso é que é relevância ! Nossa ! Como eles são bem treinados (amestrados ?)

E de maneira lógica e isenta tascaram a manchete "samba atravessa no Oriente Médio".

Para completar a comentarista Miriam Leitão, comenta "Roteiro é estranho, mas viagem pode trazer bons negócios"

Para finalizar com chave de ouro o meu parágrafo preferido.

Escreve Ali Kamel, o todo poderoso do jornalismo da Globo:

"No Brasil, o leitor pode reparar que "Folha de S. Paulo", "Estado de S. Paulo"e O GLOBO, jornais com poucas afinidades e concorrentes ferozes, destacam sempre os mesmo assuntos. Não é falta de criatividade: é que os jornalistas que neles trabalham, profissionais treinados, sabem reconhecer num enxame de fatos o que é relevante e o que não é."

Um minuto por favor.

HAHAHAHAHAHAHAHAHA !

Ok, desculpem.

Vamos lá:

Concorrentes ferozes ? Alguém já viu o anúncio do Zap - Uma empresa dos jornais Estadão e o Globo (www.zap.com.br) ? Ou então leu o jornal Valor Economico, uma parceria do Globo com o grupo Folha ?

Jornais com poucas afinidades: todos são empresas familiares, de famílias conservadoras, participaram de alguma forma do golpe de 64, liberais "à brasileira" (odeio o estado, a não ser quando preciso de um empréstimozinho, ou fazer negócios diretamente com ele).

Arrisco a dizer que usam a mesma marca de gravatas, comem nos mesmos restaurantes e passam féria nos mesmos lugares.

Ali Kamel tem razão: Não é falta de criatividade !!!

Tem mais.

Ali Kamel promete: "Como obter o máximo de objetividade e isenção em jornalismo é o que pretendo discutir em meu próximo artigo"


Mal posso esperar !!!!!

* Esta matéria foi antes de estourar o "mensalão", portanto João Paulo Cunha ainda era um cidadão acima de qualquer suspeitas. Mais uma prova de que a opção de "criminalização" era 100% ideológica.

21.1.07

Capa da Veja

Você esperava alguma coisa parecida com isso na capa da Veja desta semana ?

Ou isso ?

Não, né ? Nem eu ...

Mas não precisava exagerar também né !

19.1.07

Os cães (de aluguel) ladram mas a caravana segue passando ...

Queria escrever sobre o assunto mas andava empurrando com a barriga. Como encontrei um artigo que disse tudo o que eu queria dizer, decidi colocá-lo quase que na íntegra.

Com um crescimento de mais de 6 vezes do comércio entre os países participantes nos últimos anos, com um saldo extremamente favorável para o Brasil, além da predominância de ítens de maior valor agregado (manufarturados), o Mercosul vive as "dores do crescimento". Surgem as queixas dos sócios menores por maior espaço e alguns contenciosos entre membros do bloco, como Argentina e Uruguai.

Mas, foram dados passos consistentes em prol de sua ampliação e solução dos impasses.

Veja os avanços da reunião do Rio:

21 DE JANEIRO DE 2007 - 18h34
Mercosul dá novo passo à frente

Por Ronaldo Carmona*

"Quem acompanhou a reunião de Cúpula do Mercosul apenas pelos grandes meios de comunicação brasileiros – jornais O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e O Globo, além dos telejornais da Rede Globo – foi apresentado a um Mercosul quase que em crise terminal, profundamente fraturado, ameaçado por Hugo Chávez, numa guerra de todos contra todos, como diria o antigo pensador. Este artigo pretende evidenciar, com fatos, uma visão exatamente inversa.(...)"

"(...)Aliás, essa é uma questão central para o avanço da consciência social de nossos povos: não obstante terem perdido as eleições presidenciais sul-americanas, sobretudo programaticamente, os neoliberais, apoiados na grande mídia, buscam virar o jogo no grito e na marra. Pretendem assim impor sua plataforma – que consiste, essencialmente, em abandonar o projeto de um pólo sul-americano independente, filiando-se ao projeto hemisférico de hegemonia estadunidense.

Que tal um “Programa de Aceleração da Integração”?

Enquanto os cães ladram, a caravana da integração segue adiante. No entanto, essa reação colérica e uníssona da grande mídia coloca, diuturnamente, inclusive em outros temas, a premente necessidade país de uma imprensa plural, democrática, que não reflita apenas um ponto de vista, como hoje.

De certo, a par dos avanços, é preciso dizer que o ritmo ainda é lento e a ousadia pequena – não obstante que o processo de integração sul-americano, complexo que é, não permite arroubos voluntaristas ou inconseqüentes, justamente para não ensejar retrocessos.(...)"

"(...)Por que a cúpula foi um avanço

A edição de Copacabana da reunião semestral dos chefes de Estado do Mercosul foi positiva: deu novos e concretos passos no sentido de seguir aprofundando as múltiplas dimensões em que consistem as tarefas da integração sul-americana. (...)"

"(...)A reunião teve a presença de dez presidentes (Brasil, Argentina, Venezuela, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Equador, Chile, Colômbia e Suriname), um primeiro-ministro (Guiana) e um Chanceler (Peru), representado os doze países sul-americanos – que já haviam se reunido em dezembro, em Cochabamba, quando da reunião da Comunidade Sul-americana de Nações (Casa, uma espécie de Mercosul ampliado).

Resultados da reunião de Copacabana

A reunião do Mercosul, “avançou algumas casas”, como se diz no xadrez. Os principais avanços podem ser agrupados nas seguintes questões.

1- Uma decisão, tomada no plano bilateral entre Brasil e Venezuela, que é marco para uma integração com desenvolvimento: a construção a partir de 2009, com conclusão até 2012, do primeiro trecho do Grande Gasoduto do Sul (GGS). O trecho ligará Guiria, no litoral caribenho da Venezuela, a Recife, enviando gás natural de quatro campos no Estado venezuelano de Sucre ao Nordeste brasileiro, a partir de Recife. Serão 5 mil quilômetros, a serem construídos com garantia de financiamento a partir dos tesouros nacionais de ambos países.(...)"

"(...) Em outro acordo, a Petrobras e a PDVSA avançaram no acordo que prevê a construção de duas Refinarias, a Abreu e Lima, em Pernambuco, e outra em Carabobo, na Venezuela.

2- O crescimento do Mercosul. A criação de Grupo de Trabalho para incorporar a Bolívia como membro pleno do Mercosul, assim como o seguimento das formalizações para a adaptação da Venezuela às normas do Mercosul são destaques, assim como os sinais de aproximação do Equador –, ainda que, neste caso, todavia não materializados em pedido de adesão plena.

3- O debate sobre a criação de um mecanismo de financiamento da integração, que resulte em maior autonomia financeira na América do Sul, capaz de financiar as obras de infra-estrutura, a materialização da integração. Conforme apareceu na imprensa, seja numa aliança (“Holding”) entre estruturas como o BNDES, o Bandes venezuelano, o Banco de la Nacion Argentina e a CAF (Corporação Andina de Fomento), como defendeu o Brasil, seja movendo-se no sentido de um “Banco do Sul”, como é proposto pela Venezuela e Argentina, tem sentido de redução da dependência e de desenvolvimento “endógeno” sul-americano.

Neste debate também está presente o tema (fundamental) da convergência das políticas macroeconômicas e da formatação de uma moeda única.

Obs: a experiência de comércio entre os países do bloco em moeda local (que pode ser um primeiro passo para uma moeda única) começa dentro de alguns meses.

4- A centralidade que tomou o tema “superação das assimetrias”, isto é, o enfrentamento do tema desenvolvimento, que deve ser, de fato, o eixo da integração sul-americana, se concebida como não-neoliberal, ou contra-hegemônica. O primeiro passo, ainda que tímido, foi a entrada em vigor do Focem (Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul), que aprovou 11 projetos pilotos num valor de cerca de US$ 70 milhões.
Outro passo foi a decisão unilateral do Brasil de rever as cláusulas do contrato entre a Eletrobrás e Itaipu, abrindo uma folga na divida da empresa binacional e ajudando o governo do Paraguai.
Nesse quesito, também foi importante a iniciativa do Brasil de avançar em medidas de apoio aos países menores (Uruguai e Paraguai). E igualmente a decisão de “estudar mais” uma destas propostas, que previa flexibilização das regras de origem para produtos uruguaios e paraguaios, o que poderia abrir espaços nos países vizinhos para “maquiladoras” ao estilo mexicano.

5- Avanços na conformação de uma efetiva União Aduaneira – uma segunda fase em matéria de integração comercial. Trata-se, a rigor, de um dos temas mais complexos na constituição do Mercosul, uma vez que este, apesar de haver superado a etapa dos governos neoliberais da década de 1990, ainda guarda, em seu emaranhados de normas, algum entulho neoliberal. Daí a necessidade de avançar numa União Aduaneira que o “descontamine” de neoliberalismo, para usar a expressão empregada por Chávez. A reunião de Copacabana decidiu seguir buscando consensos em torno desses temas, materializado principalmente, no cobrança de uma Tarifa Externa Comum (TEC), ainda que admitidas umas (poucas) exceções.

6- Avanços na institucionalização do Mercosul. Criação do Parlamento do Mercosul; abertura da Secretaria permanente da Comunidade Sul-americana das Nações (Casa), no Rio de Janeiro; criação do Instituto Social do Mercosul, do Instituto Mercosul de Formação e do Observatório da Democracia do Mercosul. Aqui, aliás, uma palavra sobre a possíveis tentativas de manipulação da chamada “clausula democrática” - introduzida por Collor e Menem: é preciso sim aprofundar a democracia para o povo, e este é o sentido das experiências de reformatação de Estados nacionais como os atualmente em curso na América do Sul, através das Assembléias Constituintes e vitórias em eleições, plebiscitos e referendos."

Fonte:www.vermelho.org.br

18.1.07

Só por causa ...

Muitos gostam de dizer (sim muitos ainda continuam dizendo) que o Lula ganhou com apoio dos pobres só por causa do Bolsa Familia, ou só por que o filho ganhou uma das 400 mil bolsas para faculdade pelo Prouni (juro, eu ouvi isso !), ou por causa dos 7 milhões de empregos com carteira assinada, por causa do crescimento médio de mais de 10% da renda (dos mais pobres), do computador mais barato e financiado, ou por causa da inflação entre as mais baixas da história, etc

Eis então mais um motivo "só por causa" de que os pobres votaram nele.

Veja o quadro sobre Crédito Habitacional para os mais pobres do jornal Correio Braziliense:


Pois é, o crédito habitacional deslanchou ano passado por causa dos juros mais baixos (começou a valer a pena para os bancos em comparação com os títulos públicos), das mudanças na legislação do setor, do aumento de renda e de empregos.

O volume de crédito em 2006 cresceu praticamente 100%, atingindo o maior volume dos últimos 20 anos e ultrapassando pela primeira vez nos últimos 18 anos o número de 100 mil unidades.

Como o quadro mostra os segmento mais pobres foram fortemente beneficiados.

17.1.07

Alckmin no Roda Viva

E-mail enviado para TV Cultura:

Gostaria de sugerir a TV cultura de SP que, assim como fez com o ministro da defesa Waldir Pires após a tragédia da Gol e a crise dos controladores de vôo, convide Geraldo Alckmin para esclarecer a sociedade sobre as causas da tragédia em SP.

Alckmin no Roda Viva durante a campanha presidencial

Tenho certeza que sendo um homem público, assim como o ministro, o ex-governador de SP não hesitará em comparecer.

Se pudesse sugeriria os convidados para entrevistar: Paulo Henrique Amorim, Emir Sader, Mino Carta, o presidente do sindicato dos metroviários de SP, etc.

Entre as perguntas, gostaria de sugerir:

Se quase todas as principais construtoras do Brasil participam do consórcio vencedor, quem eram os concorrentes ? Qual era a proposta deles ?

Quem autorizou o consórcio a mudar a forma de escavação prevista em edital ? Porquê ? Eles podiam mudar sem autorização ?

O Estado de SP foi negligente no acompanhamento das obras ? Deveria ter feito outra forma de contrato ?

Existe alguma ligação entre a tragédia e a redução de 2/3 dos quadros técnicos do metrô ?

O Sr. acha que está tendo o mesmo tratamento pela mídia do que a prefeita Marta Suplicy no incidente do alagamento do túnel rebouças e do buraco (se bem que nos parametros atuais nem dá para chamar aquilo de buraco) na avenida 9 de julho ?

Por reconhecer a relevância e a credibilidade do programa Roda Viva e a sua "orientação para o jornalismo público" tenho certeza que o mesmo não faltará na sua missão de esclarecer a população em um momento tão delicado de nossa história.

Grandes Tragédias Tucanas

Só para lembrar que não é a primeira vez que o choque de gestão do PSDB dá curto circuito. A ojeriza ao servidor público que levou a um processo de terceirização maciço na Petrobras (que vem sendo revertido por este governo) foi apontada como uma das causas de dois acidentes de grandes proporções:

O derramamento de 1,3 milhões de litros de óleo na Baia de Guanabara, o maior acidente ecológico de nossa história e o afundamento da P-36 a maior plataforma de petróleo do mundo na época, trazendo um prezuízo de mais de R$ 1 bilhão para o país


Valeu PSDB !

13.1.07

Caso de polícia

Em 2004 quando o recém inaugurado túnel rebouças alagou e a chuva abriu um buraco na avenida 9 de julho em São Paulo, Marta Suplicy foi massacrada pela mídia, quem não lembra ?

Alguns exemplos:

O colunista da Folha de São Paulo, Gilberto Dimenstein:

"Marta deveria pedir desculpas" 29/11/2004

"Estão aí as provas: um imenso buraco na avenida 9 de julho e a enchente do túnel Rebouças."




"Sei que ela nunca vai tomar essa atitude, mas o certo é que a prefeita se dirigisse à população e pedisse desculpas pelas falhas técnicas das obras que apresentou às pressas."


Editorial do Jornal Estado de São Paulo de 3/9/2006:

"Finalmente, a construção do túnel da Rebouças começa a ser tratada como caso de polícia."

"A decisão da Emurb de anular os contratos é, por tudo isso, mais do que correta e deve ser repetida em todos os casos em que empresas contratadas para a execução de obras públicas não cumprem rigorosamente os compromissos assumidos."

O Estadão vai chamar a polícia ? Chegou a hora de repetir a suspensão dos contratos ?

Aguardo o editorial do Estadão.

4.1.07

Caça Fantasmas

O discurso de posse de Serra, incensado pela mídia, não merecia nem comentários pelo conteúdo velho e derrotado nas urnas, de tão inverossímel que é. Em resumo o recém eleito governador quis dizer que vivemos no país uma crise de valores e uma estagnação no campo econômico.

Quanto a crise de valores, já tomou providências, contra o seu próprio partido é claro.

A exemplo do governo Lula que desbaratou as quadrilhas de vampiros e sanguessugas que operaram tranquilamente no governo do PSDB, além do Valerioduto (que alguns petistas resolveram embarcar também) Serra resolveu investigar os contratos e funcionários fantasmas do seu antecessor, Geraldo Alckmin, sucessor de Covas, ambos do PSDB.

Além disso, Serra do PSDB que acusa o PT de não criar um ambiente de segurança para os negócios rompeu pela segunda vez (a primeira foi quando assumiu a prefeitura) contratos com todos fornecedores.

Como os contratos foram feitos pelo seu partido, só se pode concluir que: ou eles não são dignos de confiança, ou foram mal negociados (o que contraria o "choque de gestão") ou o Serra tem completo desrespeito por contratos justos e honestos selados entre o estado e a iniciativa privada.

Alguma palavra na mídia que caça qualquer gafe ridícula no discurso de Lula ?

Pois é, além da crise na área de segurança pública, 8º lugar no ENADE, trem da alegria (anistia) para sonegadores e inadimplentes para fechar as contas no último ano para o estado não quebrar, e agora mais essa: funcionários fantasmas e contratos suspeitos.


E a estagnação econômica ? Se o Brasil está estagnado o que dizer de SP, governado 8 anos por Tucanos que andou para trás ? Perdeu participação de 38% para 32% do PIB nacional.

Só quem conta com toda benevolência da mídia pode se dar ao luxo de tanta bandalheira e desgoverno e ainda por cima querer dar lição de moral nos outros.

Veja os comentários do site do jornalista Paulo Henrique Amorim:

http://conversa-afiada.ig.com.br/

Alckmin é corrupto? É inepto?

. O novo governador de São Paulo, José Serra, anunciou que vai renegociar todos os contratos assinados pelo Governo de São Paulo.

. O novo governador anunciou que vai recadastrar todos os funcionários públicos. Quem não se recadastrar não recebe no fim do mês.

. Algumas perguntas, se se levar em conta que os governadores que antecederam José Serra foram Geraldo Alckmin e Mario Covas, ambos do PSDB, partido de Serra.

. Quer dizer, então, que Alckmin e Covas eram corruptos e faziam contratos lesivos ao Tesouro de São Paulo?

. Ou será que eram ineptos?

. Quer dizer, então, que Alckmin e Covas eram corruptos ou ineptos e não sabiam que a folha de pagamentos do Estado era uma folha “fantasma”?

. Quer dizer que a “crise de valores morais” a que Serra se referiu no discurso de posse – tão importante que o jornal O Estado de S. Paulo o publicou duas vezes – era uma crise instalada na administração tucana de São Paulo?

. Quer dizer que a ênfase de Alckmin contra a corrupção na campanha à presidência era de fachada – que por trás da fachada corria um mar de lama?

. Quer dizer que o Governador Claudio Lembo, do PFL, aliado de Serra, foi cúmplice dessa roubalheira – ou inépcia?

. E sobre o “marco regulatório”?

. Os tucanos acusam o Governo Lula de não definir um “marco regulatorio” que ajude os empresários a fazer planos.

. E quem fornece lápis e papel para as escolas publicas de São Paulo?

. E quem fornece ambulâncias? E está no meio de um contrato obtido segundo a lei?

. O que o novo governador vai fazer? Rasgar o “marco regulatorio”?

. Ou pedir o indiciamento dos administradores da gestão Covas – Alckmin?

. O que tem a dizer sobre isso o Farol de Alexandria, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso?

. Quer dizer que São Paulo era administrado por uns corruptos/ineptos e ele não sabia?

. E não pediu a punição para eles?

. Quer dizer, então, que o Brasil correu o risco de eleger um presidente da República sobre o qual o governador de São Paulo lançaria dúvidas gravísssimas sobre sua probidade administrativa?

. Vejam que risco o Brasil correu: uma "crise de valores morais" profunda!