19.1.07

Os cães (de aluguel) ladram mas a caravana segue passando ...

Queria escrever sobre o assunto mas andava empurrando com a barriga. Como encontrei um artigo que disse tudo o que eu queria dizer, decidi colocá-lo quase que na íntegra.

Com um crescimento de mais de 6 vezes do comércio entre os países participantes nos últimos anos, com um saldo extremamente favorável para o Brasil, além da predominância de ítens de maior valor agregado (manufarturados), o Mercosul vive as "dores do crescimento". Surgem as queixas dos sócios menores por maior espaço e alguns contenciosos entre membros do bloco, como Argentina e Uruguai.

Mas, foram dados passos consistentes em prol de sua ampliação e solução dos impasses.

Veja os avanços da reunião do Rio:

21 DE JANEIRO DE 2007 - 18h34
Mercosul dá novo passo à frente

Por Ronaldo Carmona*

"Quem acompanhou a reunião de Cúpula do Mercosul apenas pelos grandes meios de comunicação brasileiros – jornais O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e O Globo, além dos telejornais da Rede Globo – foi apresentado a um Mercosul quase que em crise terminal, profundamente fraturado, ameaçado por Hugo Chávez, numa guerra de todos contra todos, como diria o antigo pensador. Este artigo pretende evidenciar, com fatos, uma visão exatamente inversa.(...)"

"(...)Aliás, essa é uma questão central para o avanço da consciência social de nossos povos: não obstante terem perdido as eleições presidenciais sul-americanas, sobretudo programaticamente, os neoliberais, apoiados na grande mídia, buscam virar o jogo no grito e na marra. Pretendem assim impor sua plataforma – que consiste, essencialmente, em abandonar o projeto de um pólo sul-americano independente, filiando-se ao projeto hemisférico de hegemonia estadunidense.

Que tal um “Programa de Aceleração da Integração”?

Enquanto os cães ladram, a caravana da integração segue adiante. No entanto, essa reação colérica e uníssona da grande mídia coloca, diuturnamente, inclusive em outros temas, a premente necessidade país de uma imprensa plural, democrática, que não reflita apenas um ponto de vista, como hoje.

De certo, a par dos avanços, é preciso dizer que o ritmo ainda é lento e a ousadia pequena – não obstante que o processo de integração sul-americano, complexo que é, não permite arroubos voluntaristas ou inconseqüentes, justamente para não ensejar retrocessos.(...)"

"(...)Por que a cúpula foi um avanço

A edição de Copacabana da reunião semestral dos chefes de Estado do Mercosul foi positiva: deu novos e concretos passos no sentido de seguir aprofundando as múltiplas dimensões em que consistem as tarefas da integração sul-americana. (...)"

"(...)A reunião teve a presença de dez presidentes (Brasil, Argentina, Venezuela, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Equador, Chile, Colômbia e Suriname), um primeiro-ministro (Guiana) e um Chanceler (Peru), representado os doze países sul-americanos – que já haviam se reunido em dezembro, em Cochabamba, quando da reunião da Comunidade Sul-americana de Nações (Casa, uma espécie de Mercosul ampliado).

Resultados da reunião de Copacabana

A reunião do Mercosul, “avançou algumas casas”, como se diz no xadrez. Os principais avanços podem ser agrupados nas seguintes questões.

1- Uma decisão, tomada no plano bilateral entre Brasil e Venezuela, que é marco para uma integração com desenvolvimento: a construção a partir de 2009, com conclusão até 2012, do primeiro trecho do Grande Gasoduto do Sul (GGS). O trecho ligará Guiria, no litoral caribenho da Venezuela, a Recife, enviando gás natural de quatro campos no Estado venezuelano de Sucre ao Nordeste brasileiro, a partir de Recife. Serão 5 mil quilômetros, a serem construídos com garantia de financiamento a partir dos tesouros nacionais de ambos países.(...)"

"(...) Em outro acordo, a Petrobras e a PDVSA avançaram no acordo que prevê a construção de duas Refinarias, a Abreu e Lima, em Pernambuco, e outra em Carabobo, na Venezuela.

2- O crescimento do Mercosul. A criação de Grupo de Trabalho para incorporar a Bolívia como membro pleno do Mercosul, assim como o seguimento das formalizações para a adaptação da Venezuela às normas do Mercosul são destaques, assim como os sinais de aproximação do Equador –, ainda que, neste caso, todavia não materializados em pedido de adesão plena.

3- O debate sobre a criação de um mecanismo de financiamento da integração, que resulte em maior autonomia financeira na América do Sul, capaz de financiar as obras de infra-estrutura, a materialização da integração. Conforme apareceu na imprensa, seja numa aliança (“Holding”) entre estruturas como o BNDES, o Bandes venezuelano, o Banco de la Nacion Argentina e a CAF (Corporação Andina de Fomento), como defendeu o Brasil, seja movendo-se no sentido de um “Banco do Sul”, como é proposto pela Venezuela e Argentina, tem sentido de redução da dependência e de desenvolvimento “endógeno” sul-americano.

Neste debate também está presente o tema (fundamental) da convergência das políticas macroeconômicas e da formatação de uma moeda única.

Obs: a experiência de comércio entre os países do bloco em moeda local (que pode ser um primeiro passo para uma moeda única) começa dentro de alguns meses.

4- A centralidade que tomou o tema “superação das assimetrias”, isto é, o enfrentamento do tema desenvolvimento, que deve ser, de fato, o eixo da integração sul-americana, se concebida como não-neoliberal, ou contra-hegemônica. O primeiro passo, ainda que tímido, foi a entrada em vigor do Focem (Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul), que aprovou 11 projetos pilotos num valor de cerca de US$ 70 milhões.
Outro passo foi a decisão unilateral do Brasil de rever as cláusulas do contrato entre a Eletrobrás e Itaipu, abrindo uma folga na divida da empresa binacional e ajudando o governo do Paraguai.
Nesse quesito, também foi importante a iniciativa do Brasil de avançar em medidas de apoio aos países menores (Uruguai e Paraguai). E igualmente a decisão de “estudar mais” uma destas propostas, que previa flexibilização das regras de origem para produtos uruguaios e paraguaios, o que poderia abrir espaços nos países vizinhos para “maquiladoras” ao estilo mexicano.

5- Avanços na conformação de uma efetiva União Aduaneira – uma segunda fase em matéria de integração comercial. Trata-se, a rigor, de um dos temas mais complexos na constituição do Mercosul, uma vez que este, apesar de haver superado a etapa dos governos neoliberais da década de 1990, ainda guarda, em seu emaranhados de normas, algum entulho neoliberal. Daí a necessidade de avançar numa União Aduaneira que o “descontamine” de neoliberalismo, para usar a expressão empregada por Chávez. A reunião de Copacabana decidiu seguir buscando consensos em torno desses temas, materializado principalmente, no cobrança de uma Tarifa Externa Comum (TEC), ainda que admitidas umas (poucas) exceções.

6- Avanços na institucionalização do Mercosul. Criação do Parlamento do Mercosul; abertura da Secretaria permanente da Comunidade Sul-americana das Nações (Casa), no Rio de Janeiro; criação do Instituto Social do Mercosul, do Instituto Mercosul de Formação e do Observatório da Democracia do Mercosul. Aqui, aliás, uma palavra sobre a possíveis tentativas de manipulação da chamada “clausula democrática” - introduzida por Collor e Menem: é preciso sim aprofundar a democracia para o povo, e este é o sentido das experiências de reformatação de Estados nacionais como os atualmente em curso na América do Sul, através das Assembléias Constituintes e vitórias em eleições, plebiscitos e referendos."

Fonte:www.vermelho.org.br

1 Comments:

At 10:16 PM, Blogger Doutorsmith said...

Mais uma vez o caráter ideologico do portal vermelho.org prejudica a realidade. Tudo isso para aclamar a chegada de Chavez e o "socialismo do Sec. XXI" ao Mercosul. Não vejo outra resposta.
Integração faz-se, com projetos e investimentos conjuntos, sim. Mas não é só isso. Marcos regulatorios, uniformização legislativa, adoção de orgãos administrativos e judiciais supranacionais só podem ser frutos de uma engenharia jurídica e política que não terá vez no Cone Sul por no mínimo, 10, 15 anos. Essa "tal" TEC - Tarifa Externa Comum, ao contrário do que a reportagem do Vermelho afirma, tem hoje, nada mais nada menos que cerca de 300 produtos em sua lista de exceção (para cada país). Então não são poucas, como os comunistas afirmam. Sem essa TEC livre de exceções, o Mercosul nunca deixará de ser uma união aduaneira imperfeita. Ainda hoje não se tem uma uniformização no que diz respeito à competência para julgar contratos entre os países!
E por finalizar, integração regional através de blocos econômicos é uma medida liberal. Pelo fato de derrubar barreiras alfandegárias, permite o livre acesso de pessoas, mercadorias e serviços.


Parabéns pelo BLOG.

 

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