11.2.07

O "aparelhamento" das editorias

Outro Mito de Interesse criado pela mídia, este original do Brasil, como o guaraná da televisão, é o "aparelhamento do estado".

Todo político que vence uma eleição, tem o direito de montar sua equipe de governo com pessoas indicadas pelo próprio partido e, pelos partidos que o ajudaram a vencer.

Estas equipes, formadas por pessoas competentes e de confiança, colocariam em prática o projeto de governo vencedor.

Parece óbvio.

Para a mídia nativa até é, no governo de SP, de Minas, do Rio, nos governos federais no passado sempre aconteceu isso.

Mas, no governo do presidente Lula ...

Aí a história é diferente: é "aparelhamento".

A própria palavra "aparelhamento" já denota o caráter ideológico da expressão, com o qual a mídia quer remeter aos "aparelhos" clandestinos de esquerda durante o regime militar.
Mas porque este rótulo apareceu somente neste governo ?
Teria havido exagero ?

Os números mostram que não: os dois últimos governos (Lula e FHC) utilizaram somente cerca de 30% dos cargos a que tinham direito. Os demais continuaram sendo preenchidos por funcionários de carreira. Não mudou nada.

Dos 520 mil servidores públicos civis na ativa do Poder Executivo, pouco mais de 6.400, ou 1,2%, podem ser livremente indicados para servir ao governo por determinado período sem necessidade de ter passado por concurso público. Ou seja, 98,8% dos cidadãos que ocupam postos de trabalho no Poder Executivo federal são, necessariamente, funcionários públicos de carreira e passaram por concurso público.

Bom, mas a mídia sabe destes números, e insiste no "mito de interesse" do "aparelhamento". Por que ?


Por cima disso está uma tentativa de cercear o governo, de tentar fazer com que ele "ganhe mas não leve". Assim como fazem com a política econômica, tentando impor uma agenda derrotada nas eleições, através da asfixia ideológica dos nossos latifúndios de comunicação nacionais.

É bem verdade que estes cargos tanto na esfera federal, como nas estaduais, acabam, muitas vezes, servindo mais de moeda de troca entre o partido governante e sua base de apoio, pela "governabilidade", do que efetivamente uma ferramenta de execução das políticas públicas vencedoras da eleições.


Com isso, abrem-se muitas vezes as porteiras para atividades excusas, quando partidos nomeam pessoas exclusivamente para arrecadar "contribuições" para seus caixas, como no caso do escândalo dos Correios.

Por falar em escândalo dos Correios, por causa da crise iniciada nesta ocasião, o presidente Lula determinou por meio de decreto assinado em julho de 2005, que: 75% dos DAS de um a três e 50% dos DAS 4 - que, no total, representam 94,5% dos cargos de livre nomeação - devem, necessariamente, ser ocupados por funcionários de carreira.

O governo Lula retirou de sua absoluta discricionariedade a nomeação de mais de 13.300 cargos. Uma iniciativa corajosa, empurrada por uma crise é verdade, mas que muitos governantes que também passaram por crises não tiveram coragem de tomar.

Mas porquê eu estou escrevendo tudo isso ? Ah sim, porque apesar dos maus exemplos e dos desvios de conduta esta política faz sentido, faz sentido que quem ganhou as eleições forme suas equipes com gente de sua confiança, que considera competente.

Então temos que continuar divulgando os casos de exageros e mal uso desta prerrogativa, tanto do governo quanto dos partidos aliados aos quais é dado o direito de nomear.

Por outro lado, porquê não divulgar os exemplos onde o "aparelhamento" deu certo, onde as pessoas nomeadas se mostraram competentes. Isso deveria ter o mesmo destaque e valer "pontos" para o partido que nomeou.

Portanto daqui para frente vou tentar trazer exemplos de equipes de sucesso no governo federal, que performaram acima de governos anteriores.

O direito de Governar, adquirido democraticamente através das urnas, não pode ser cerceado ou estigmatizado pelo "aparelhamento" das editorias e equipes jornalisticas dos nossos latifúndios de comunicação.


Deixa o homem "aparelhar" !

3.2.07

Os "Mitos de Interesse"

O debate sobre a contabilização correta do déficit da previdência parece uma questão trivial, um assunto de menor importância. Não é.

Este novo posicionamento do governo mostra uma disposição para enfrentar um assunto de extrema importância para a sociedade brasileira e o nosso futuro: Os “Mitos de Interesse”, o papel da mídia ao difundí-los, e o impacto disso no futuro do país e no nosso dia-a-dia.

Repito, este assunto é de extrema importância para o futuro do país, e a posição do governo, e nosso apoio a ela, podem gerar um marco de ruptura.

Primeiro vale a pena qualificar o que são “Mitos de Interesse”.


Encontrei esta definição em um livro do jornalista João Carlos Teixeira Gomes, o qual transcrevo praticamente na íntegra, com destaques em vermelho e os meus comentários em itálico:


Hitler teorizou bastante no Mein Kampf sobre propaganda, tendo escrito claramente que ela não deve ter compromissos com a verdade, mas sim com o convencimento da opinião pública. Não é preciso que a adesão do povo a uma idéia seja obtida através da visão ética da veracidade que ela possa conter, porque o importante não é a idéia em si , mas sim a maneira com que ela se apresenta:nesse caso, tudo justifica uma mentira apregoada despudoradamente, desde que seja disseminada com competência, através da repetição, ou seja, o essencial para o líder nazista, era a reiteração da idéia, mesmo se mentirosa, “repetida e repisada constantemente”. Escreveu ele:

Qualquer que seja o talento que se revele na direção de uma propaganda não se conseguirá sucesso, se não se levar com consideração sempre e intensamente um postulado fundamental. Ela tem de se contentar com pouco, porém esse pouco deve ser repetido constantemente. A persistência, nesse caso, é, como em muitos outros nesse mundo, a primeira e mais importante condição de êxito.

Com o fim da guerra fria e a hegemonia ideológica e política da “economia de mercado” foi proclamado (equivocadamente como vemos agora) o fim dos “Estados-Nação”, que teriam as suas fronteiras e atribuições derrubadas pela “globalização”. O “Mercado” passou a ditar as políticas, utilizando os governos como meros executores de suas orientações.

Para isso, já que passou a fazer política, o "Mercado" passou também a utilizar a “propaganda” no sentido da comunicação com interesses doutrinários.




Para difundir a propaganda, contou com a inestimável e voluntariosa ajuda dos meios de comunicação e das elites locais, logicamente interessadíssimos em uma parte nas oportunidades que se abriam em um mundo em que as leis do “mercado” se impunham como a única direção.

Para isso foram criados os “Mitos de interesse”,
expressão criada pelo crítico Northop Frye no livro O Caminho Crítico e assim por ele definida:

O mito de interesse existe para manter a sociedade unida, tanto quanto a eficácia das palavras pode concorrer para isso. Por este motivo, verdade e realidade não são diretamente relacionadas, mas socialmente determinadas. Verdade, por interesse, é aquilo que a sociedade faz e acredita em resposta à autoridade, e uma crença, na medida que pode ser verbalizada, é uma declaração de vontade de participar de um mito de interesse, portanto, tende a tornar-se linguagem de crença.

Em resumo: um mito de interesse não consagra uma verdade real, mas sim uma verdade socialmente imposta, mesmo que ela seja uma mentira (por exemplo, o Iraque possuía armas de destruição de massa). Conforme observa Northop Frye, trata-se de um fenômeno que “tem as suas origens na religião”, mas podemos acrescentar que se estende a todos os campos da atividade humana, especialmente à vida política, sob a pressão de interesses de dominação social e de ideologia política.

Um “Mito de Interesse”, pois, é, em princípio, uma simples formulação verbal, no entanto trabalhada para se transformar num pacto social através da adesão dos destinatários da mensagem, cujo convencimento é necessário ao sucesso do que se propõe, pois a função primordial do mito é eliminar resistências e questionamentos.

Por fim o autor chega aos “Mitos de Interesse” propagados e abraçados pelo governo FHC, alguns já foram desmistificados, outros continuam sendo repetidos incansavelmente pela “vanguarda do atraso”. São eles:

1) nenhum país pode hoje escapar à influência da globalização, que é um processo histórico irreversível (Derrubado. A maioria dos países que aderiram a este mito na década de 90 estão resgatando o papel do estado, com sucesso);


2) sem as reformas constitucionais (indicadas pelo “Mercado”) não há salvação para o Brasil, que descerá ao fundo do abismo

3) o funcionalismo público, constituído de marajás e parasitas, é o segmento social responsável pelo desequilíbrio nas contas públicas (conseguiram avançar muito, com terceirizações, privatizações, arroxo e ausência de novas contratações. Mas, o governo atual vem recompondo quadros através de concursos e dando reajustes. Porém os porta-vozes do mercado continuam pregando o congelamento de salários dos servidores públicos com o sofisma do “controle dos gastos correntes”. Na prática é só acompanhar os estados governados pelo PSDB que continuam seguindo esta doutrina)

4) a previdência pública levará o país a bancarrota (esta é a discussão do momento, com um grande revés para os doutrinadores)

5) terminado o ciclo intervencionista da Era Vargas, o Estado não deve interferir na Economia. (Avisem a China, Índia, Venezuela, Argentina, Bolívia, alguns dos países que mais crescem no mundo)

6) as empresas estatais são necessariamente ineficientes e mal-geridas (graças a deus este governo está mostrando o quanto isso é errado: a Petrobrás, Eletrobrás, Banco do Brasil, Caixa Econômica e o BNDES por exemplo vêm cumprindo de maneira formidável seu papel social e de desenvolvimento do país, ainda assim apresentando resultados financeiros excelentes, históricos)

7) só o processo de privatizações permitirá ao governo concentrar recursos (diminuído a dívida pública, lembram?) nas áreas de educação, saúde e segurança, a eles devendo limitar-se a ação do estado.(Este discurso foi o grande derrotado da duas últimas eleições. Nos curto-circuitos de gestão de FHC e Alckmin)

8) a universidade pública brasileira é improdutiva e as responsabilidades do governo com educação devem concentrar-se no ensino fundamental; (e o desenvolvimento científico e tecnológico ? Ah, é claro ... deixa para os países de 1º mundo...)

9) a estabilidade do servidor é a causa da ineficiência do serviço público (e dá-lhe terceirizações e contratos “turn-key”)

10) as leis trabalhistas entravam a modernização da economia e estimulam o desemprego, devendo ser flexibilizadas (não se mexeu uma vírgula nisso, a legislação é a mesmo do governo FHC mas esse governo criou 5 milhões de empregos com carteira assinada em 4 anos. O que estava errado ? A legislação ou o governo?)

11) o desemprego é inevitável no mundo de hoje, em conseqüência dos avanços tecnológicos do sistema de produção industrial. (Para este tópico vale a pena lembrar de uma capa da Veja no auge da apologia ao “livre mercado”




precisa dizer mais alguma coisa ?)


12) o movimento dos sem-terra (ou qualquer movimento ou organização com raízes sociais, trabalhistas ou anti-“Mercado”) levanta uma questão explosiva e constitui uma ameaça à paz social)

Não é necessário que um “Mito de Interesse” seja uma mentira por completo; em certos casos, pode até representar uma verdade parcial, um fato incipiente ou uma simples projeção, ideologicamente agigantada para conquistar o apoio da sociedade (terceiro mandato de Lula é o novo ?), sem meios de defesa de contesta-la ou rejeita-la, confundida pela manipulação sistemática da propaganda.

2.2.07

A "vanguarda do atraso" perdeu mais uma.

A eleição de Arlindo Chinaglia para a presidência da câmara foi mais uma derrota das viúvas de FHC e da mídia que queria ver o PT fora do jogo político para sempre.

Mas eles não se dão por vencidos. Nunca.
Continuam falando para eles mesmos, batendo na tecla dos mensaleiros e dos sanguessugas tentando estigmatizar o PT e partidos aliados.

Esquecem que acabou de sair o exame de DNA comprovando a paternidade do Valerioduto, também chamado de mensalão.

O pai do esquema do careca é o senador Eduardo Azeredo, do PSDB, que montou o sistema em 1998 para tentar se re-eleger governador.

Estava tudo lá: agências de publicidade, o Banco Rural e, neste caso, desvio comprovado de verbas públicas. O que eles procuraram, procuraram e não encontraram na versão petista.

Clique aqui para ver a notícia na íntegra.

E os Sanguessugas ?
Além do fato de 70% das ambulâncias terem sido compradas no governo FHC, está disponível no youtube o vídeo em que o então ministro da saúde José Serra elogia a iniciativa "inovadora" da bancada do PSDB de utilizar as emendas parlamentares para comprar ambulâncias - a gênese da máfia dos Sanguessugas.

Quem não viu o vídeo no Jornal Nacional, ah desculpe, não passou né ! Vale a pena ver para crer em: http://www.youtube.com/watch?v=hWlYIbbyPqs

Então, quem criou mensalão, quem criou os sanguessugas ? Quem supostamente comprou votos para se reeleger ?

Os Vedoins passaram ilesos pelo governo FHC e pelas barbas do ex-ministro Serra, assim como os Vampiros. Isso é importante ressaltar. Foram descobertos no governo Lula, pela estrutura montada e a independência dada a Controladoria Geral da União e a Polícia Federal.

É ridículo tudo isso, ficam generalizando, perseguindo, estigmatizando um partido todo por causa do erro de alguns.

Porque não fazem o mesmo com o PSDB ? Qual o motivo da preferência ?

Outro equívoco que ficam repetindo para criticar o apoio de parte do PSDB ao Arlindo Chinaglia: dizer que com isso os Tucanos estariam indo contra os 40% que votaram no Alckmin contra o Lula.

Mentira também, quem votou no Alckmin não é necessariamente anti-Lula, basta lembrar o óbvio: somente 13% dos brasileiros reprovavam o governo Lula no final do seu mandato, e menos ainda (11%) achavam que o seu segundo governo ia ser ruim ou péssimo.
Se o PSDB continuar se guiando pelo ectoplasma de FHC (como diz um jornalista que não lembro agora) e pelos bonecos de ventríloquo da mídia vai acabar dando o abraço de afogado no PFL, que já vai tarde.

Não adianta ficar demonizando o PT e o Lula, o PSDB tem que mostrar serviço. Não adianta ficar atrapalhando o governo, as pessoas vão começar a perceber que eles estão atrapalhando é o Brasil.

O PSDB tem 2 estados enormes e importantíssimos para governar.Particularmente eu não acredito que vão ter muita coisa para mostrar, mas se quiserem sobreviver politicamente é melhor arregaçarem as mangas.

Senão vão virar aves raras, de fina plumagem, mas em extinção ...

1.2.07

Perigo de Gol

Sabe quando o seu time está no caminho para marcar um gol e ganhar o campeonato e aquele juiz - suspeitíssimo de jogar para o time adversário - resolve marcar um impedimento do nada.

Você se levanta da cadeira e grita: FDP ! Esse juiz marcou o quê ???

Seu amigo gaiato emenda: Perigo de gol ...

Pois é: nada resume melhor a ata do copom de hoje

Os iluminados disseram que como o consumo está aquecido e o governo está gastando mais, é hora de mais parcimônia.

Parcimônia com juros de 13% ? A maior taxa do mundo ?

Isso não é parcimônia, é C-O-N-S-E-R-V-A-D-O-R-I-S-M-O xiita, isso sem falar nos interesses que devem estar por trás.

O uso da capacidade instalada da indústria está abaixo de 80%, em São Paulo chegou a cair no ano passado. Os investimentos das indústrias na produção foram recordes em 2006. Se faltar produto temos ainda a alternativa das importações.

O governo cumpriu a meta de superavit primário em 2006, até com uma pequena folga e a relação dívida/pib caiu novamente. Então os gastos do governo estão sobre controle.

Ainda bem que pelo menos o Globo entrou na campanha pelas mudanças na diretoria do Banco Central:

Com se vê tem gente enchendo as burras de dinheiro as nossas custas (alguém já ouviu falar do "Rombo dos Juros"?)

Sem parcimônia.