Parece que o post de anteontem foi pé quente.O jornal o Globo de hoje anuncia, com muita má vontade e desgosto, que o governo decidiu tirar as renúncias fiscais do cálculo do déficit da previdência e colocá-las na conta do Tesouro, onde é o local correto.Uma grande derrota para o pensamento único.
Vale destacar a manchete completamente tresloucada do jornal que mostra como eles não engoliram nada bem a história.
O subtítulo chega a ser mentiroso, o tesouro já arcaria com este dinheiro de qualquer maneira. O que está sendo feito é contabilizar as coisas da maneira correta, e não mais com os truques que eram feitos para inchar o déficit e promover a redução de direitos, na base do terrorismo.
A idéia é simples: colocamos o trabalhador e o aposentado como vilões, assim eles vão ter que contribuir mais e por mais tempo para cobrir nossa sonegação, benefícios fiscais e arapucas contábeis que fazemos para pagar menos impostos.
Pergunte para a Globo o que ela acha de empresas que obrigam os seus funcionários a constituírem sociedades para receberem como pessoas jurídicas e com isso isentar a empresa de obrigações trabalhistas. Isso não contribui para o déficit ? A Globo faz isso ?
Quem deveria arcar com as isenções fiscais ?
Luis Nassif (ele de novo !) responde no seu Blog:
"A resposta é óbvia, mas vem sendo sistematicamente mascarada por uma espécie de fogo de encontro, que vive encontrando álibis, desculpas e bodes expiatórios para desviar a discussão do foco central. A culpa é do velho do meio rural que se aposentou sem contribuir.
Tem limites para a hipocrisia.
O foco central é óbvio. A partir do Plano Real, foi implantada uma política sistemática de colocar o grande capital a salvo da tributação. Esse processo se deu com o Banco Central fechando os olhos aos grandes movimentos de expatriação de capitais."
A resposta está então em, além do fórum da Previdência, discutirmos os subsídios, as armações fiscais dos milionários, a tributação regressiva e injusta brasileira.
Enfim, uma agenda extensa e acredito que impossível de ser levada adiante, pois o congresso é conservador e a mídia criou uma barreira enorme a qualquer reforma tributária mais justa, que onere os mais ricos e setores que pagam injustamente menos impostos.
Um exemplo disso foi o caso da MP232. A imprensa colocou toda população contra a medida, em uma campanha de desinformação, chamando histericamente de aumento da carga tributária uma tentativa de se tentar equalizar melhor a cobrança e evitar fraudes como as citadas acima.
Como sempre a conta caiu para a classe média que trabalha de carteira assinada, faz tudo certinho, dentro da lei e por não ter tido acesso a informação correta acabou indo contra os seus próprios interesses. Foi manipulada.
O mesmo aconteceu com a proposta do governo, no início do primeiro mandato do Lula, de taxar grandes fortunas, tornar o Imposto territorial rural e o ITBI progressivos e criar o IPVA sobre embarcações e aeronaves particulares.
Não passou, afinal de contas o congresso tem dono, a mídia tem dono. E infelizmente não é o povo.
Felizmente isto está começando a mudar.